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Nem esse céu de mentira chega aos pés do que a gente vê no deserto |
Alooooou,meu povo!
Finalmente, depois de três dias, chegamos a Alice Springs!Aqui tudo vai passar para o plural porque encontrei minhas amigas! A cidade em si é bem pequenininha e não tem muita coisa, mas tem todo o básico para viver. Nós ficamos em um hostel chamado Todd's, que além de hostel é uma agência de turismo com o tour mais barato pela região. Não vou mentir, o quarto que eu dormi parecia meio velho e mal cuidado e a localização não era das melhores, tinha que andar bastante até o centro ou até o supermercado. Mas minhas amigas ficaram em um quarto bem melhor e o hostel oferece transporte até o centro (Onde tem uma pizzaria que serve pizza de canguru). Fora do hostel, Alice é bem parecida com Darwin, muitos aborígenes na rua e muuuuito calor!
Só passamos uma noite lá e pegamos o tour cedinho para o Kings Canyon. Aqui destaque imediato para os guias do Todd's que são todos divertidíssimos. Eram três micro-ônibus e o responsável pelo nosso era o Boom Boom, que nos deu pincéis para rabiscar as janelas do ônibus.
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Minhas obras de arte no Boom Boom Bus |
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Eu desenharia BH, mas ninguém ia entender que era no Brasil |
O Kings Canyon é um canyon mesmo, só que enorme, ele se espalha por todos os lados parecendo um labirinto, para quem não conhece é fácil se perder, mas tem placas de indicação no caminho, é só prestar atenção. Lá foi muito pouco alterado pelo homem, o que é uma coisa boa, mas também significa que só tem água na entrada do parque e é bom carregar algumas garrafas extras por via das dúvidas (Nós levamos dois litros cada, por recomendação do guia, e não me arrependi).
O problema de levar água demais ou de menos é que bem no comecinho do canyon tem uma subidinha carinhosamente chamada de Heart-Attack Hill, que pode ser traduzido como Subida do Infarto. E essa é só a primeira. Acredite, você vai querer água mas não vai querer peso. De qualquer forma, não deixe os morros e a água te desanimarem, porque o lugar é espetacular! Parece outro planeta!
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Essa é a Heart Attack Hill |
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Um pequeno oasis no meio do canyon |
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Brincando de Rei Leão com o que eu tinha de mais precioso: minha água |
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Se você olhar com atenção vai ver pontinhos no topo de um dos morros do outro lado do canyon. São pessoas. Pequeno, não? |
Quando saímos do canyon, fizemos uma parada no Fuluru para ver o pôr do sol. Fuluru é o nome que os guias davam a uma formação que de longe se parece muito com o Uluru, que é a atração principal do deserto. A diferença é que o Uluru é uma única rocha gigantesca enquanto o Fuluru éum conjunto de várias e por isso tem menos graça. Mas o pôr do sol lá é tão lindo quanto no original.
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Esse é o tal Fuluru |
Depois acampamos no meio do nada. Talvez acampar nem seja a palavra certa, porque não haviam barracas. Fizemos uma fogueira e espalhamos os sacos de dormir em volta. NO MEIO DO DESERTO! Para nos proteger das cobras, os guias nos mandaram desenhar uma linha em torno do saco de dormir porque segundo eles as cobras mudavam o curso quando encontravam irregularidades no solo. E depois mandaram encher a linha com sal porque, segundo eles, as aranhas venenosas ficariam com as patinhas presas no sal. Contra os dingos, uma espécie de cachorro selvagem que pode atacar humanos, tínhamos nós mesmos com a função de avisar se ouvíssemos uivos. Uma linha cheia de sal contra todos os animais assassinos do deserto!!! Beleza. (Das cinco de nós, duas não conseguiram dormir) (Para completar, depois soubemos que era tudo mentira e na verdade não tínhamos nenhuma proteção, era só pra gente ficar mais tranquilo).
Depois de comer, lavávamos todos os pratos, talheres e panelas em apenas duas bacias, uma com água e a outra com sabão, escovamos os dentes com copinhos, o banheiro era um buraco no chão sem descarga e banho só no dia seguinte. Não foi minha experiência mais higiênica, mas eu repetiria quantas vezes fossem necessárias pela coisa inacreditável que é o seu noturno quando não se tem absolutamente nada por perto! Nunca vi a Via Láctea com tanta clareza e demorei a dormir porque não conseguia desgrudar os olhos do céu. Uma pena que nenhuma de nossas câmeras fazia jus ao espetáculo.
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Aí embaixo dá pra ver a pontinha do ônibus |
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Minhas companhias de deserto |
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Mais algumas estrelas na foto melhorzinha que a câmera da Fefê fez |