sexta-feira, 29 de julho de 2016

Adelaide

O melhor lugar da Austrália para achar simpáticas cidades alemãs

Alooou, meu povo!
 Bora continuar acabar de atravessar esse deserto?
 Depois que minhas amigas foram embora de Alice Springs de volta para Sydney, eu peguei um Greyhound Bus com destino a Adelaide. Creio que esta é a primeira menção ao Greyhound neste blog, basta que vocês saibam que é uma companhia de ônibus que opera em praticamente toda a Austrália, inclusive nos lugares mais desertos, tipo o deserto. Eles são bem confortáveis, tem até entrada USB para carregar os eletrônicos e cobra preços bastante razoáveis. O de Alice Springs para Adelaide sai de manhã, umas 10h e chega umas 5h da manhã.
 Destaques interessantes da viagem: Essa parte sim é deserto de verdade! Sem árvores, só areia vermelha pra todo lado, uma planície sem fim, que é o que eu esperava desde o início, achei estranho quando vi tanto capim lá pros lados de Alice Springs. É uma paisagem bonita de um jeito diferente do que estamos acostumados. E um pôr do sol lindo!



 Uma das paradas do ônibus é em Coober Pedy, que é onde jantamos, e confesso que eu estava louca para ver essa cidade! Reza a lenda que ela é subterrânea, por causa do calor, e que tem absolutamente tudo lá. Pensei que o ônibus ia parar debaixo da terra, mas nem foi, parou num posto de gasolina como qualquer outro. Até tentei achar algum indicativo de entrada para o subsolo, mas nada, tinha ruas e casas e galpões, tudo na superfície mesmo. Como o ônibus estava atrasado não tive tempo de fazer uma pesquisa profunda, então acho que vou ter que voltar lá para ver.
 Mas o que eu achei o mais legal mesmo foram os aborígenes.Depois de Alice Springs só passamos em duas cidades, Coober Pedy e Port Augusta, todas as outras paradas eram aldeias aborígenes. O Greyhound, além de transportar pessoas, faz bico de correio para as aldeias e é aí que a coisa fica interessante, porque os pontos de ônibus são na verdade caixas de correio. Isso mesmo, a cada uma porrada de quilômetros tem uma caixa de correio na beira da estrada, o ônibus para do lado, o motorista desce, pega umas carta, deixa outras e segue viagem. Às vezes têm alguns aborígenes ao lado da caixinha, esperando para pegar o ônibus. Nem sinal das aldeias de onde eles ou as cartas vêm, imagino que elas sejam muito isoladas e que eles tenham que andar muito até a estrada. Achei um sinal interessante da adaptação deles à vida urbana.
 Depois de uma longa viagem, desembarquei cedinho em Adelaide para descobrir a cidade toda fechada porque era Anzac Day, que é o dia que a Austrália presta homenagens aos soldados da Segunda Guerra Mundial. Passei no hostel rapidinho para deixar a mochila e voltei para a rodoviária para pegar o city tour que ganhei quando comprei o passeio para Handorf (Em breve).
 Meu Deus! Como as pessoas não amam Adelaide? Acho que depois de Sydney, ela seria minha próxima escolha. Parece cidade do interior, as casinhas são muito fofas, quase nenhum prédio, muitos jardins, pouco movimento, mas tem todas as facilidades da cidade grande: shoppings, museus, estádio, restaurantes, aeroporto, universidade... E tem um clima friozinho muito gostoso. Ah! E tem praia!
Arquitetura antiga...


... e moderna...

... antiga...

... e moderna de novo!

 O tour passou por tudo isso mas fez paradas no Centro de Vinhos, que pertence à Universidade de Adelaide. A região de South Australia é excelente para as vinícolas por causa do frio e a indústria do vinho é tão forte por lá que a universidade criou um curso de especialistas em vinho e esse Centro para facilitar os estudos deles. Lá tem uma loja onde eles vendem os vinhos desenvolvidos pelos estudantes e jardins lindos! Depois paramos um pouquinho na praia, que é bonita, mas ficou um pouco prejudicada pelo frio. O que eu mais gostei lá, como em boa parte da cidade, foi a arquitetura. Os monumentos, as lojas, as casas, tudo na praia dava a sensação de estar em outro século.
Centro de Vinhos

Por dentro...


... e por fora.


Casa da praia




 Voltei para o meu hostel e lá conheci uma moça muito doida e gente boa demais chamada Karen. Nosso quarto tinha quatro pessoas, mas as outras duas já estavam dormindo. Karen morava em Sydney, como eu, e estava em Adelaide há uma semana, visitando a irmã, e ia embora no dia seguinte, por isso queria companhia para visitar pela última vez seu restaurante favorito, chamado Dumpling King. Como eu também estava sozinha e faminta, fui com ela.
 O restaurante é mesmo muito bom, recomendo. Conforme o nome indica, eles servem dumplings, que são uma massa asiática que parece uma trouxinha de macarrão recheada com o que você quiser e cozida no vapor. É bem gostoso. Conversa vai, conversa vem, descobri que Karen era gastroenterologista e trabalhava para um médico renomado especialista em... Chron! (Que para quem não sabe, é uma doença crônica rara que eu possuo) Coincidência pouca é bobagem.
Mais conversa vai, mais conversa vem, e ela descobriu que eu nunca havia provado uma iguaria chamada fried ice cream, que é exatamente o que você está pensando que é: sorvete frito. E assim vamos eu e Karen rodar Adelaide fechada em pleno Anzac Day em busca de um sorvete frito! E achamos! Para os interessados, vende em lojas de comidas asiáticas e é meio que uma bola de sorvete empanada com uma massa fininha e frita bem rapidinho, então derrete pouco. É bom, mas prefiro sorvete normal.
Lanternas clássicas de China Town

No dia seguinte peguei outro tour, dessa vez para Handorf. A primeira parada é no mirante para ver a cidade, bem bonito, mas como estava nublado e cheio de neblina fiquei com a impressão de podia ter sido melhor.


De lá fomos direto para a cidade, mas devo dar destaque para o caminho até lá. Eles chamam a região de Adelaide Hills, um nome muito justo já que a paisagem é uma infinidade de colinas, cobertas de grama verdinha e alguns ajuntamentos de árvores. Acontece que o clima de Adelaide é temperado, bem diferente do resto da Austrália, e por isso os europeus acharam que seria uma boa ideia replicar a vegetação deles por lá. Eu tive a sorte de chegar lá em pleno outono e por isso as árvores estavam todas coloridas, algumas marrons, outras laranjas, vermelhas, amarelas e até umas verdes, do jeito que se vê em fotos da Europa. Pra gente que veio do Brasil e não está acostumado é lindo!




Para completar meu clima de Europa, Handorf é uma cidade alemã perdida no meio de South Australia. Alemã mesmo! A arquitetura é alemã, os restaurantes vendem comida alemã, tem bandeiras da Alemanha nas ruas e dá até pra ouvir gente falando alemão aqui e ali.

A cidade é minúscula, praticamente só a rua principal e algumas casinhas em volta (Como quase oda cidade pequena da Austrália e Nova Zelândia), mas vale muito a visita porque é fofa! E é bem diferente do resto do país. Para quem leu/assistiu a série Harry Potter, me senti um pouco no beco diagonal. As lojinhas são todas muito próximas uma da outra, com aquelas vitrines de vidro, muita gente circulando entre elas e produtos bastante bruxescos. Tinha lojas de velas (Apenas velas), enfeites fantásticos de jardim (Fadas, dragões, duendes...) e uma loja com todos os doces da vida (Estilo Honey Dukes), incluindo sapos de chocolate. No ramo mais normal do comércio tínhamos pubs clássicos (Que vendiam cerveja alemã e comida alemã com paredes decoradas de bandeiras da Alemanha, claro) e lojas de roupa (A maioria de lã). Fucei todas as lojas e os jardins que surgem do nada no meio delas, tomei um chocolate quente com torta de maçã no pub e voltei para o hostel.




No dia seguinte levantei cedo para pegar o ônibus e assisti o sol nascer em um dos aeroportos mais bonitos que já vi. Eu atravessei o deserto e sobrevivi para contar. Hora de voltar para casa.

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